segunda-feira, 28 de abril de 2014

O nascimento do Ocidente Medieval

         Segundo o historiador Hilário Franco Júnior, o Ocidente Medieval nasceu da conjugação de três fatores que se influenciaram mutuamente ao longo dos séculos: as heranças romanas, as heranças germânicas e o cristianismo.
Entre as heranças romanas, temos:
  • A ideia romana de que o monarca era sagrado, que perdurou por toda a Idade Média.
  • O sistema de colonato (relação de trabalho em que o trabalhador é obrigado a entregar ao proprietário parte da sua colheita em troca da utilização de uma parcela de terra).
Entre as heranças germânicas, temos:
  • O comitatus, bando formado por jovens guerreiros que juravam fidelidade a um chefe;
  • O direito consuetudinário, isto é, baseado na tradição e nos costumes.
O cristianismo, por sua vez, foi o terceiro fator decisivo, pois propiciou a ligação entre romanos e germanos e deu unidade à civilização medieval.

O Feudalismo
Para montar expedições guerreiras, os reis carolíngios pediam auxílio militar aos nobres, que, em troca dos serviços prestados, recebiam do rei um feudo (bem de importância). O feudo podia ser uma grande área de terra, um direito de cobrar impostos ou um cargo de prestígio.
Nos séculos IX e X a Europa ocidental foi atacada por árabes, vikings e húngaros e, para se defenderam desses ataques, os reis europeus pediram auxílio militar aos nobres e, em troca, lhes cederam feudos. Ao receber cargos e terras, os nobres fora, se fortalecendo, enquanto os monarcas se enfraqueciam. Com isso, consolidou-se na Europa ocidental o feudalismo (sistema de organização econômica, social e política baseado nos laços de fidelidade e de dependência entre homens).
As principais características de feudalismo eram: poder político descentralizado, produção voltada para a subsistência e forte presença do cristianismo. O modelo clássico de feudalismo existiu somente em partes da Europa, especialmente onde são hoje a França e a Alemanha.
As Relações de Suserania e Vassalagem

Aquele que doava o feudo era chamado de suserano, e o que recebia era denominado vassalo. Por exemplo, se um conde doasse um feudo a um duque, ele passaria a ser suserano do duque e este, seu vassalo. Caso esse duque doasse um feudo a um marquês, passaria a ser seu suserano, e ao mesmo tempo, continuava sendo vassalo do conde.
Dessa forma, os nobres estabeleciam entre si relações de suserania e vassalagem, por meio das quais se comprometiam ajudar um ao outro. A doação de um feudo se dava por meio do juramento de fidelidade que ocorria durante uma cerimônia chamada de homenagem.
A partir desse juramento, um passava a ter obrigações com o outro.
  • O vassalo devia: apresentar-se sempre que fosse chamado por seu suserano; dar ajuda financeira para o casamento da filha de seu suserano, para armar o filho cavaleiro e para pagar o resgaste, caso o filho fosse raptado ou aprisionado; comparecer ao tribunal para depor a favor do senhor, caso fosse convocado.
  • O suserano devia: ajudar o seu vassalo em casa de conflito; comparece ao tribunal para depor a favor dele.
Tanto o suserano quanto o vassalo obrigavam-se a cumprir o juramento de fidelidade. Cada senhor era a autoridade máxima dentro se seu feudo. Era ele quem julgava os infratores, aplicava as penas, cobrava impostos e cunhava sua própria moeda. Por isso é que se diz que no feudalismo o poder era descentralizado.

A sociedade Feudal
A sociedade feudal estava dividida em três ordens: a dos que oram (o clero); a dos que guerreiam (a nobreza); e a dos que trabalham (servos, vilões* e escravos).
Vilões = camponês livre, isto é, que não era preso à determinada terra, podendo escolher o lugar onde desejasse trabalhar.
Os que oram

O clero era formado pelo papa, cardeais, bispos, párocos. Suas funções eram ministrar sacramentos, fornecer orientação espiritual e amparar os necessitados.

Com a queda do Império Romano, no século V, a Igreja tornou-se a maior proprietária de terras do Ocidente.

Durante a Idade Média, a Igreja foi a instituição mais rica e mais importante do Ocidente.

Os que guerreiam

Os nobres tinham poder e prestígio, que variava segundo sua posição, expressa no título que possuíam: rei, conde, duque, marquês ou cavaleiro. O rei também era um nobre e, como tal, se tornava por vezes vassalo de outro rei. Assim, os nobres da Europa ocidental se ligavam uns aos outros por laços de dependência e fidelidade.

As principais ocupações da nobreza eram a guerra, as caçadas e os torneios. Os torneios funcionavam como uma espécie de ensaio para as guerras e eram extremamente cruéis, pois era comum o herói derrubar seu adversário do cavalo, cortar-lhe a cabeça e oferecer-a a uma donzela.

Por meio dos torneios, os cavaleiros esperavam obter ganhos: o vencedor ficava com o cavalo e as armas do vencido e, se conseguisse fazê-lo prisioneiro, exigia um resgate para libertá-lo.

Os que trabalham

Durante a Idade Média, os campos da Europa ocidental eram cultivados por diferentes trabalhadores, entre os quais cabe citar os servos da gleba, os escravos e os vilões.

Além de terem sua liberdade seriamente limitada, os servos estavam sujeitos à autoridade judicial do senhor. Eles executavam os mais variados tipos de tarefas, como arar a terra, tecer, erguer casas, caçar, entre outras.

Já os escravizados, em menor número do que outros trabalhadores, eram vistos como objetos e não como pessoas: pertenciam ao senhor desde o nascimento até a morte.

Havia ainda os vilões, camponeses livres que cultivavam pequenos lotes de terra. Com o passar do tempo, muitos vilões se tornaram trabalhadores dependentes, entregando a um senhor seu lote de terra em troca de proteção.

A sociedade feudal é conhecida como sociedade estamental, pois a posição social do indivíduo era dada, geralmente, pelo nascimento, não havendo quase chance de ascensão social; geralmente as pessoas nasciam e morriam em um mesmo grupo.

Trabalho e obrigações

Por volta do ano 1000 a maioria dos habitantes do Ocidente medieval vivia em senhorios. Esse estava dividido, geralmente, em três áreas:

  • O manso senhorial: terras exclusivas do senhor, nas quais toda a produção era reservada a ele;
  • O manso servil: faixas de terra que os camponeses usavam para extrair sua sobrevivência e cumprir suas obrigações para com o senhor;
  • As terras comunais: terrar usadas por todos e que se destinavam geralmente à extração da madeira e ao pastoreio.
Em troca de proteção senhorial e do direito de usar a terra para seu próprio sustento, os servos tinham uma série de obrigações para com o senhor. As principais obrigações dos servos eram:
  • A corveia = trabalho gratuito no manso senhorial durante alguns dias por semana. Além de cuidar das plantações do senhor, o servo devia construir ou consertar caminhos, reparar pontes, cortar e carregar madeira, entre outros.
  • A talha = obrigação de entregar ao senhor uma parte do que produzia no manso senhorial.
  • A banalidade = pagamento em produtos que o servo devia pagar ao senhor pelo uso do forno, do moinho, das prensas e de outros equipamentos do senhorio;
  • A mão morta = pagamento feito pelo servo quando seu pai morria, para manter o direito de utilizar a terra.
Além de todas essas obrigações, o servo tinha ainda de pagar o dízimo (10%) da sua produção à Igreja.

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